terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Primeiro Passo

Me chamo Otávio, tenho 15 anos, e estou no 1º grau. Mudei-me para Santa Catarina há 1 mês, mas antigamente nasci e morei em São Paulo – Interior. Está sendo o mês mais corrido da minha vida. Moro apenas com minha mãe e com minha avó, e hoje é segunda - feira, segunda semana de aula na cidade nova. Tudo novo. Casa nova, Escola nova e amigos novos. Estudo de manhã, ás 6:00 estou de pé, tomo banho, me arrumo, e tomo café e Ás 7:00 saio de casa. Minha escola é umas três quadras daqui. Estou indo. Bate o sinal, 7:15 entro na classe. Sempre lotada, Escola Municipal é assim, lotada, são 43 alunos.
Muita bagunça, muito desânimo. Os professores se irritam, alguns até expulsaram os meus colegas, mas mereceram. Eu, só ficava no meu canto. De vez em quando vinha a Claudia ou a Cintia encher meu saco.
Sinal do intervalo, lá o pátio é aberto, e dá pra ver o céu ensolarado. Sento num banco ao lado do bebedouro, logo à frente, tem outro banco, quem fica ali é a Mariana. Uma menina linda, que nunca cheguei a dar um “Oi”. Seus cabelos são ruivos, olhos verdes, branca e cheia de sardas. No decorrer do tempo, chamei Cintia para enturmar Mariana no grupo, ela chamou-a. Não quis vir. Levantei, e a chamei, ela sentou ao meu lado. Naquela segunda, rimos muito, nos conhecemos melhor e voltamos à classe. Mariana sempre sentava lá na frente, olhava muito para trás. Depois de fazermos a tarefa, fomos embora, já Cintia e Claudia vão até um pedaço do caminho comigo depois viram, e Mariana sempre ia sozinha, mas nesse dia cheguei a ela e perguntei:


- Onde você mora?
- Na Esmeralda Fontes.
- Moro logo na virada. Te levo até lá!
- Não precisa, vou sozinha.
- Qual o problema de eu te levar?
- Nenhum.
- Então, deixe-me ir contigo. Importa-se?
- Vamos logo então.

Reparava só nos passos que ela dava com o fichário entres mãos e óculos, parecia um geek, andava encolhida, tinha medo de mim, acho.
No primeiro dia nós dois ficamos calados, nem eu falava e nem ela.
Só na hora em que fomos nos despedir. Só acenei. E ela fingiu que não viu.
Fui pra casa, cheguei cansado, como em todos os dias. Acho que estava gostando dela. Não! Estava perdidamente apaixonado por ela.
Terça – feira. Levantei cedo, ia dar 6 horas ainda. Não tinha sono, só pensava como a Mariana estaria vestida hoje. Passei pela rua dela, já saia com o fichário e sua mochila nas costas. Chamei-a, ela apertou o passo. Eu não quis insistir. Chegamos à sala, só estava eu e ela. Propositadamente, sentei ao lado dela. Fingiu que não me viu, e abaixei a cabeça. Após a explicação o professor formou as duplas para um trabalho em casa. Por eu estar na frente e Mariana também, ficamos juntos. Ela fingiu que não ouviu novamente. Intervalo, chamei ela para resolver o trabalho.
- Mariana, queria saber como vai ficar o trabalho de Ciências. Ela só me deu um papel dizendo:
“ Ás 15:00 na minha casa hoje. EM PONTO!”
Assustei-me. Voltei a sentar com Cintia e Claudia, e elas me perguntaram:- Otávio, está gostando da Mariana?
- Sei lá meninas, acho que sim.
- Você quer uma ajuda?
- Não, obrigado.
- Certeza?
- Sim, obrigado mesmo. Hoje irei a casa dela.
- Será que irão fazer o trabalho? Elas riram. - Vocês acham que a Mariana quer algo comigo? Ela nem fala direito, só me ignora.
- Mas de repente ela se faz de difícil. Otávio, você é muito lindo, impossível ela não achar.
O recreio acaba e voltamos para sala.
Mariana não olhara para trás uma vez se quer.
Na saída nem insisti de ir embora com ela. Dei companhia as meninas, e ela foi sozinha. Cheguei em casa, e fiz o que deveria. Ás 14:00 levantei da cama, e fui tomar um banho, peguei minha mochila, e 15:00 estava lá na porta dela. Perguntei:- Sua mãe? Não está?
- Não. Por quê?
- Está um silêncio aqui.
- Não tem ninguém em casa.
Sentei do seu lado, e ela ficou olhando para mim, e eu pra ela. Parecia que tudo parou, ficamos um minuto assim. Ela perguntou:- Por que não foi embora comigo hoje?
- Você foi super ignorante ontem, então fui com as meninas.
- Senti sua falta.
- Minha? Você nem me dá atenção Mari, porque sentiria?
- Eu te amo Otávio. Não sabia?
- Não mesmo, nunca demonstrou. Sofro muito, para mim você fazia como se eu não existisse. Sempre te amei Mari desde o dia em que eu te vi no pátio.

Uma lágrima caiu do olho dela e me abraçou.
Disse a ela:
- Não quero te ver sofrer. Saiba que eu te amo, e a última coisa que faria é te abandonar.
- Digo o mesmo e eu te amo.
No mesmo instante, nos beijamos. Nunca tinha dado um beijo daquele, me arrepiei, da cabeça aos pés. Terminamos o trabalho. E a partir daí surgiu um amor verdadeiro. Ela me pediu para que não contasse a ninguém o que acontecera naquele dia. Confidenciei.
Passara quarta e quinta, e nada de a Mariana sentar comigo no pátio, não liguei, mas na hora da saída levava ela até a porta de casa, e dava um beijo.
Passou-se 3 semanas só nesses romances, e até numa terça, dia 13 de março, pedi ela em namoro, e aceitou.
No dia seguinte, passei a sentar com ela na frente. Amei a ideia, pois ficaria mais perto dela.
Cintia e Claudia, ficaram bravas comigo, por ter deixado elas. Então, no intervalo disse a elas que estava namorando com a Mariana, mas não contara antes a pedido dela. Elas entenderam. Depois de estudarmos muito, fomos todos embora. Cintia e Claudia viraram, e eu fui com a Mari. Após deixar ela na porta, ela disse:- Não quer entrar?
- Para quê?
- Estou sozinha. Só um pouco, não quer?
Entrei. Ficamos conversando, não só sobre a gente, mas também sobre a escola, até a hora de ela subir pro seu quarto e me chamar. E fui. Subi e ela estava deitada, deitei ao lado dela. Foi em cima de mim, e me beijou. Fechei os olhos, perdi a noção do perigo. Ela estava de lingerie, linda. E foi ali que aconteceu o melhor dia da minha vida.
Fui pra casa, e minha mãe perguntou:- Onde estava?
- Na Mariana.
- Fazendo?
- Conversando com ela.
- O que mais? Não esconda nada pra mim.
- Perdi minha virgindade.
Minha mãe derrubou o prato no chão. Mandou eu recolher a sujeira. E só disse:
- Espero que saiba no que fez.
Abaixei a cabeça e recolhi os cacos.
No dia seguinte, nem a vi. Fui pra escola, e logo perguntei a Mariana:
- Esta grávida?
- Não, por quê?
- Menos mal. Contei a minha mãe de ontem.
- Você é louco? Como ousa?
- Ela iria descobrir de qualquer jeito.
- Sim, mas agora ela vai dizer a minha mãe. E como fica minha situação?
- Minha mãe não diria. Ela não se intromete nessas coisas.
- Acho bom mesmo!
Mariana ficou nervosa comigo, nem quis me dar um beijo. Deixei-a em casa, e fui embora. Minha mãe nem estava em casa, só minha avó, que estava deitada na poltrona e vendo Culinária.
Fui pro meu quarto. E perguntei a Deus, se “a Mariana é a mulher certa pra mim?”. Dormi com aquilo na cabeça.
No outro dia, ela chega toda linda e diz que estaria sozinha de novo em casa. Fiquei na casa dela. E por tentação, não resisti. Fomos ao seu quarto e tivemos o mesmo prazer de acontecer novamente.
Não fiquei tranqüilo, estava sem camisinha. E tinha medo de engravidá-la.
E no dia seguinte, Mariana chega a vomitar na sala de aula, passou o recreio todo passando mal. Quando chegou a hora da saída, passamos imediatamente na Farmácia. Ela fez o teste. Dito e feito, deu positivo. Entramos em desespero, mas disse que assim não resolveríamos em nada. Então, Fui a casa dela, e conversamos com seus pais. A mãe quis bater nela, matá-la. Na mesma hora, corri pra minha casa com ela, e pedi a minha mãe para que morássemos juntos, até comprarmos um outro lugar. Minha mãe disse que não havia problema de nós morarmos ali, portanto que não abortasse e cuidássemos, pois se tivemos tempo de fazer, teríamos também tempo de cuidar da criança.
Passou-se cinco meses, e a barriga da Mari já estava começando a crescer, ela já tinha vergonha de ir à escola. Dediquei-me o maior tempo ao nosso filho, e ajudei-a em tudo.
Comecei a trabalhar no Banco, ganhava super bem, esse dinheiro guardava para o sustento da criança. A partir daí, comecei a freqüentar a Igreja. E depois de mais 7 meses, meu filho nasceu, o Pietro, muito lindo.
Até que um dia, eu, Mariana, meu filho e minha mãe, estávamos indo a Igreja, e um carro bateu no nosso. Fez com que voasse longe. Estava vivo, mas meu filho e minha mulher não pareciam estar vivos.
Foi horrível, minha mãe estava só com alguns ferimentos, mas a maior dor foi ver meu lindo bebê morto nos braços de minha mulher.
Ligaram para a Ambulância e rapidamente ela chegou. Colocaram meu filho na bomba de oxigênio, mas já não havia mais esperança, já tinham levado o corpo da Mariana. Sofri, chorei muito. E no outro domingo, fui à igreja, muito abatido, mas fui e o Pastor disse diretamente a mim no final do culto:
- Creia!
Aquela simples palavra me deixou com mais fé, e toda noite, sonhara com uma criança. Pensava muito em meu filho.
No dia seguinte, os médicos ligaram para minha casa, Pietro estava vivo, aquilo me alegrou. Mas disseram para que ele pudesse ter uma vida melhor, precisaria de uma cirurgia de córneas pro olho direito. Se não ficaria sem enxergar. Liguei para todos os hospitais, e repentinamente tinha uma cirurgia a ser feita, mas o paciente por ter tido um câncer não sobrevivera e as córneas estavam à espera. Rapidamente liguei ao hospital onde estava meu filho. Ficava noites ao lado de Pietro, ele sorria muito pra mim. Passou-se dois meses, e já estava em casa com meu filho. Parei de ir à escola, estava no começo de 2009, e meu Natal e Ano Novo foi um dos piores. Dediquei-me mais a ele, e estava lindo e saudável.
Completei 16 anos, e pra mim, já me sentira um homem e pai de família, mesmo não tendo uma mulher.
Converti-me, e estava fazendo curso de Pastores.
Levara meu filho à Igreja comigo, estava crescendo na presença de Deus, ensinava tudo a ele, todos os princípios da Bíblia, mesmo não entendendo. Ele escutara tudo com atenção, pois para que não se arrependas agora, é melhor planejar um futuro ao seu filho enquanto seja tarde.
Tinha orgulho de me entregar totalmente a Deus, mas deveria arrumar minha vida antes de tudo. Comecei a estudar à noite, e desde manhã até a tarde, fazia a rotina do dia.
Com os tempos que estava na igreja, conheci Paola, uma moça adorável, tinha a mesma idade que eu, nos amávamos, e acabamos namorando - porém, meu sentimento por Mariana era maior. Ao decorrer do tempo, me tornei Pastor, e ela também. Passara seis meses, meu filho estava para completar um ano, noivei. Hoje posso lhe dizer que sou a pessoa mais feliz do mundo, por que Deus transformou minha vida e também se deixares, ele pode mudar a sua. LUTE E CONQUISTE, pois assim iremos mais, muito mais além dos nossos objetivos.

 “Com isso tudo, aprendi com a vida e que mesmo com dificuldades temos que continuar. Minha história não acabou por aqui, Deus tem um propósito em minha vida, firmei nele, e nunca mais me abandonou, me usou muito para salvar minha família, e de muitos que passaram em minha vida ao decorrer dos tempos. Agradeço-te a cada palavra que colocares em minha boca, por cada atitude que agires em minha vida, mas tudo isso aconteceu, pois dei o primeiro passo, e fui firme com tudo que aconteceu. Obrigado por ter me dado aquela simples palavra profética sobre a vida de meu filho, e hoje me admiro como pai e como homem. Só tenho a lhe agradecer. Por tudo, por ter dado Pietro e Paola. Que seja assim, e sempre. Amém!”  







História Fictícia
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Um comentário:

  1. Karina, o texto ta perfeito e a historia é linda *--* espero que as outras historias que vc postar aqui também sejem maravilhosas que nem esta (:

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